sexta-feira, 9 de abril de 2010

Depois de um tempo de Reclusão estou de volta!
Escrevi a monografia e agora a pesquisa parece real,possivel.
Me sinto uma pesquisadora de fato!

sexta-feira, 29 de maio de 2009

Processos pensamentos

Acredito numa arte onde a maneira como me relaciono com o sagrado define a minha expressao cenica, um teatro onde é possivel a beleza do sagrado.Processos cada vez mais organicos e incrementados de ritualidade, de mistica. Tenho observado também que o contato com outras culturas e tempos favorecem a criação de cenas rituais onde impera a verdade da relação do homem com o seu Deus e com os fatores "sacros" da vida.Qunato maior o conhecimento quanto as realidades espirituais, visoes de mundo e de Deus, tanto maiores serão as possiblidades de criação. Como o universo de ritualidade catolico, incrementado com outras visoes de realidade mistica, pode servir de impulso crador? Acho que tenho encontardo algumas maneiras...ja que quero falar de processos criativos vou investir em criação. Outro ponto importante é: como levar tematicas religiosas ao placo sem trata-las da maneira convencional? Como fazer essa arte afetar o cotidiano, como faze-lo epidemico, como ele pode representar riscos reais, como faze-lo sobre-humano, como dar-lhe a dimensao de sobrenatural? Esse é o meu lugar das perguntas.

sexta-feira, 17 de abril de 2009







O pássaro e o homem tem essências diferentes.
O homem vive à sombra de leis e tradições por ele inventadas;
o pássaro vive segundo a lei universal que faz girar os mundos.
Acreditar é uma coisa; viver conforme o que se acredita é outra.
Muitos falam como o mar, mas vivem como os pântanos.
Muitos levantam a cabeça acima dos montes;
mas sua alma jaz nas trevas das cavernas.
A civilização é uma arvore idosa e carcomida,
cujas flores são a cobiça e o engano e cujas frutas
são a infelicidade e o desassossego.
Deus criou os corpos para serem os templos das almas.
Devemos cuidar desses templos para que sejam
dignos da divindade que neles mora.
Procurei a solidão para fugir dos homens, de suas leis,
de suas tradições e de seu barulho.
Os endinheirados pensam que o sol e a lua e as estrelas se levantam
dos seus cofres e se deitam nos seus bolsos.
Os políticos enchem os olhos dos povos com poeira
dourada e seus ouvidos com falsas promessas.
Os sacerdotes aconselham os outros,
mas não aconselham a si mesmos,
e exigem dos outros o que não exigem de si mesmos.
Vã é a civilização. E tudo o que está nela é vão.
As descobertas e invenções nada são senão brinquedos
com a mente se diverte no seu tédio.
Cortar as distâncias, nivelar as montanhas,
vencer os mares, tudo isso não passa de
aparências enganadoras, que não alimentam o
coração e nem elevam a alma.
Quanto a esses quebra-cabeças, chamados ciências e artes,
nada são senão cadeias douradas com os quais o homem
se acorrenta, deslumbrados com seu brilho e tilintar.
São os fios da tela que o homem tece desde o inicio
do tempo sem saber que, quando terminar sua obra,
terá construído a prisão dentro da qual ficará preso.
Uma coisa só merece nosso amor e nossa dedicação, uma coisa só...
É o despertar de algo no fundo dos fundos da alma.
Quem o sente não o pode expressar em palavras.
E quem não o sente, não poderá nunca conhecê-lo através de palavras.
Faço votos para que aprendas a amar as tempestades em vez de fugir delas

quinta-feira, 12 de março de 2009

Kazuo Ohno

Mário Kodama / International Press - O que é o butoh para o senhor?

Kazuo Ohno - É uma pergunta difícil de responder. Cada dançarino tem seu próprio butoh. Não existe um método , porque a dança é a expressão do interior de cada um. Por isso é singular em cada pessoa. Para mim , o butoh é , com palavras simples , apreciar a vida , minha e dos outros.

International Press - O senhor teve alguma influência da dança ocidental?

Ohno - Posso dizer que tive influência do balé clássico depois de Isadora Duncan (1878-1910), que tirou as sapatilhas e começou a dança livre , rompendo com as formas do balé ; também de Mary Wigman (1886-1973) , que pertenceu à dança de vanguarda alemã dos anos 30 e uma das criadoras do expressionismo na Alemanha. A dança de Wigman era completamente diferente do balé e da dança de Duncan. Era uma dança que nasce no interior, na intimidade do ser humano.

International Press - Onde o senhor aprendeu a dançar?

Ohno - No último ano da faculdade , em janeiro de 1929 , fui assistir à apresentação da dançarina espanhola Antonia Mêrce no Teatro Imperial, em Tóquio. Fiquei muito emocionado. Tive a impressão que era a dança da Gênese, da criação. Não sei outra maneira de explicar a sua arte. E , 50 anos depois , eu fiz a primeira apresentação de "La Argentina" , baseada nessas memórias. Ao me formar pela faculdade de educação física Nihon Taiikukai Taisoo Gakko (atual Nihon Taiiku Daigaku) , lecionei cinco anos no colégio Kantoo Gakuin em Yokohama , só para homens. Saí posteriormente para fazer um curso de dança de Baku Ishii para conseguir emprego em um colégio feminino e ensinar ginástica ritmica , mas também não achava muita graça nisso. Sentia a falta de emoção. Queria aprender e ensinar dança artística. Queria fazer a dança que expressasse sentimentos humanos , amor alegria , coisas da vida, natureza , universo. Comecei a aprender dança moderna no estúdio de Takaya Eguchi , que estudou na escola Wigman , em Berlim. Só em 1949 , com 43 anos , fiz a minha primeira apresentação solo.

International Press - Como o senhor conheceu Tatsumi Hijikata ( um dos mestres que, com Kazuo e Min Tanaka , criaram o butoh nos anos 60)?

Ohno - Ele assistia às minhas apresentações e um dia veio me visitar. Foi assim que nos conhecemos. Meu filho Yoshito começou a carreira com Hijikata na peça "Kinjiki" , baseada na obra de Yukio Mishima , em 1959 , que chocou o público e o mundo da dança do Japão daquela época.

International Press - E como surgiu o butoh?

Ohno - Penso que meu butoh nasceu como o ser humano nasce do corpo da mãe , e aconteceu no momento em que interpretei a personagem Divina da obra "Nossa Senhora das Flores" (de Jean Genet) , em julho de 1960. Nesse instante a minha vida brotou da escuridão e brilhou em cinco cores. Esta foi nossa (dele e de Hijikata) primeira apresentação e começamos a trabalhar juntos. Mas as primeiras apresentações que fizemos tinha mais as características de Hijikata.

International Press - Como foi o processo de transformação que o senhor sofreu até chegar ao butoh?

Ohno - Eu penso que há algo em comum entre a energia de nascimento de uma vida e a do nascimento do Universo. Existe uma força centrípeta entre mãe e filho , como entre o Sol e os planetas do sistema Solar. Tudo o que existe nesse mundo é ligado profundamente com o Universo. Mas a dança moderna não incluia esses fenômenos básicos da natureza , as relações entre ser humano , morte, vida , amor, universo, natureza e outros temas essenciais , nem o expressionismo alemão. O envolvimento com estas questões foram nossos mestres e crescemos com elas. É isto que expresso no meu butoh.

International Press - Está havendo uma renovação na dança moderna japonesa?

Ohno - Não tenho conhecimento de que alguém esteja fazendo algo realmente novo. Há muita gente que procura chamar a atenção só por ser esquisito , excêntrico. Mas não conheço ninguém que trate das questões filosóficas essenciais como as que eu trato. Talvez eu seja o único que as tento expressar. Não adianta pensar com a mente como é que se deve viver. A vida tem que ser descoberta no dia-dia O que apresento no meu butoh é tudo que eu vivo na minha vida. Premeditar as coisas nem sempre dá certo. Por exemplo , guerras , devastação do meio ambiente são feitas pelas pessoas que planejam demais. Acho que nós devemos dar mais importância aos sentimentos e respeitá-los.

International Press - Quantas vezes o senhor foi ao Brasil? E o que achou?

Ohno - Já fui duas ou três vezes. Pode ser que volte de novo no ano que vem. Brasileiros são assim (ele uniu os braços num forte aperto de mãos). Eles me trataram muito bem. Em qualquer lugar que eu ia , sempre ficava cercado por muita gente. Fiquei impressionado pela minha popularidade no Brasil. Vi matérias sobre mim na capa dos jornais. Quando fui assistir à apresentação de "Macunaíma" (peça de Antunes Filho baseada no texto homônino de Mário de Andrade) , eles souberam que eu estava lá e me convidaram para subir ao palco , e dancei com improvisação. Muitas pessoas organizaram festas para mim , inclusive o embaixador francês no Brasil.

jornal : International Press

entrevista de Mário Kodama ; intérprete, Kunihiro Otsuka

Seção : Lazer e Cultura - Página 5-B

Japão , 24 de setembro de 1995.

segunda-feira, 2 de março de 2009


Sobre o livro: “Consciência e Comunicação – Dançar a Vida"( depois digo autor esqci isso! Ops!)

Pág 37, Pr 2, L 1: “(...) Ela(a dança) é a energia que revela o sagrado”

A história revela que povos antigos do mundo inteiro incorporavam aos seus rituais danças, mímicas, acrobacias e performances diversas. A arte no ritual cumpre o sentido da sensibilização, estimulando emoções, sensações e sentimentos, partindo desses elementos para a sua criação. As artes tornam aquilo que é invisível e impalpável em possível, penetrável, capaz de ser percebido ainda que de maneira abstrata e acrescenta a essa realidade mística ritmo e forma.

Pág 22, Pr1, L 16-19: “falta toque ao homem moderno, pois ele não se toca mais por nada(...) falta historia pois ele é alheio a tudo, alienado de si. Falta emoção pois ele esta sem paixão. Falta memória que só virá com a continuidade histórica.”A grande questão é: como alcançar um estimulo a partir da realidade espiritual que circunda o ser – humano, para que este possa, saindo da superficialidade, criar situações cênicas que reflitam as suas sensações a respeito da sua espiritualidade particular?

quinta-feira, 19 de fevereiro de 2009

Para construir um fazer cênico baseado em uma espiritualidade, seja ela qual for, é importante interiorizar rituais, valorizar e explorar os seus símbolos e seus escritos.
Encontrei no livro de Jô Croissant, “O Corpo – Templo da beleza”, questões que podem contribuir com a nossa busca de alguma forma. Cito algumas

A) Dimensões da leitura Bíblica:

Psaht: literal

A palavra hebraica significa “o que é simples”. É o básico da leitura das escrituras, compreender o que está escrito literalmente.

Remez: simbólico

Identificar a simbologia da palavra, o que esta por trás do sentido literal. Apesar muito importante para a descobertas dos outros sentidos, o sentido literal sozinho não trás tudo o que precisa e quer ser revelado.

Darash: Pratica/ vivencia

Quando compreendo o seu significado eu passo a vivencia-lo, a coloca-lo em pratica.

Sod: transcendência / mística

No meu exercício de compreensão e pratica eu avanço para questões mais profundas que nem os símbolos revelaram até agora, questões que fazem parte da minha história pessoal e da minha maneira de me relacionar com o sagrado.

E se percebêssemos essas dimensões, pensando em texto não só como uma composição de palavras, mas em tudo o que venha transmitir uma informação objetiva ou subjetiva?

Se pensássemos todos os simbolismo vivenciados como forma corpórea, que resultados obteríamos?

quarta-feira, 18 de fevereiro de 2009

Acho que agora posso voltar a pesquisa bibliografica sabendo realmente o que quero trabalhar e gostaria de convidar a quem quer seja para integrar esse processo.

Observei nos ultimos dias, particularmente as tecnicas orientais de teatro ou de dança-teatro, como queiram os leitores. Observei neles uma ligação intrinseca da experiência espiritual e ritualistica da religião e de como eles conseguem transmutar essa experiência para a cena.

Creio que esse caminho descoberto pelos orientais deveria ser alcançado por nós, atores que estão intimimante ligados a um experiencia religiosa.

Devemos buscar na religião aquilo que dela nos completa, nos toma por inteiro, a verdade de nossas almas para que essa verdade surja na cena como uma necessidade minha de comunicar uma relação com o sagrado atraves da cena.

Tenho que verificar algumas coisas na pratica, preciso olhar o ser humano em processo de criação a partir dessa relação com o sagrado.