quarta-feira, 11 de fevereiro de 2009



Biografia de Kazuo Ohno


Renato Roschel06/04/2004Criador máximo do butoh, figura máxima da dança-teatro expressionista japonesa, Kazuo Ohno nasceu em 1906, na cidade de Hakodate, em Hokkaido, no Japão.Em 1920, transferiu-se para o Escola Secundária Pública de Ohdate, na província de Akita. Praticou diversos esportes, como esqui e o tênis, e chegou a estabelecer um novo recorde dos 400 metros rasos na província: 57 segundos.Em 1925, Kazuo formou-se na Escola Secundária Pública de Ohdate, depois trabalhou como professor substituto numa pequena escola primária de 3 professores e 60 alunos, em Hokkaido.No ano seguinte, ele foi para Tóquio e entrou na Escola Atlética do Japão. Neste mesmo ano, foi convocado para o Exército. Em 1928, depois de cumprir o serviço militar, retornou para a Escola Atlética, onde estudou Exercícios dinamarqueses e exercícios de expressão do alemão Rudolf Bode.Em 1929, Kazuo assistiu uma performance da dançarina espanhola Antonia Mercé (La Argentina) que muito o impressionou. Esta experiência o faria seguir, mais tarde, a carreira de dançarino. É também neste período que ele se converteu ao cristianismo.Em 1933, casou-se com Chie Ohtake. Em seguida, foi estudar na Escola de Dança Baku Ishii durante um ano.Em 1934, assistiu a uma a uma apresentação do dançarino alemão Harold Kroizberg que também o comoveu profundamente.Em 1936, começou a estudar com Takaya Eguchi, discípulo de Mary Wigman, e aprendeu “Die Neue Tanz” (a nova dança) na Alemanha, passando a ser um dos líderes da dança moderna no Japão.Em 1938, ano em que nasce seu 2º filho Yoshito, Ohno é designado segundo tenente do exército japonês. No ano seguinte, o Exército do Japão o envia para o fronte de guerra no norte da China.Em 1945, após lutar na China, Palau e Nova Guiné, Ohno acabou prisioneiro de guerra de uma tropa australiana. Libertado no ano seguinte, voltou ao Japão onde retomou os estudos de dança com Takaya Eguchi.Em 1949, ele promoveu a sua primeira apresentação de dança moderna, no Kanda Music Hall, em Tóquio. Em 1953, realizou uma apresentação, junto com o seu grupo de dança, na televisão estatal japonesa NHK.No ano seguinte, Kazuo Ohno conheceu Tatsumi Hijikata, com quem, em 1960, participaria do Tatsumi Hijikata Dance Experience Concert. É nessa época que pela primeira vez aparece o termo Dança da Trevas (Ankoku Butoh). O primeiro espetáculo de butô, combinação de teatro e dança, “Kinjiki”, surgiu, baseado em romance homônimo do escritor Yukio Mishima (1925-70).Em 1969, Kazuo fez parte do filme “A Portrait of Mr. O” de Chiaki Nagano; em 1971, fez parte do filme de dança moderna, “Mandala of Mr. O — Playful Journey in Splended Dream”, também de Chiaki Nagano; e, em 1973, participou do terceiro filme filme de Nagano, “Book of the Dead Man, Mr. O”.Em 1980, Kazuo foi convidado a participar do 15º Festival de Nancy, como expert em dança, acompanhado de seu grupo. Nesse ano ele fez performances em Nancy, Strassbourg, Londres, Stuttgart, Paris e Estocolmo.Em 1981, participou do Festival Internacional de Teatro, em Caracas e fez demonstrações e palestras em Nova York e Genebra. Em 1982, participou do Festival de Munique. Fez performances em Montpellier, Arles, Genebra, Yverdon, Copenhagen, Barcelo e Avignon. Em 1983, se apresentou em Parma, Milão e Como na Itália; e em Jerusalém, Haifa e Tel Aviv, em Israel. Nesse mesmo ano fez uma viagem até o Mar Morto.Em 1985, participou do Butoh Festival, em Tóquio, com o trabalho “Mar Morto”, acompanhado por seu filho Yoshito Oho.Em 1986, ele participou do Festival de Adelayde, Austrália. Fez também várias apresentações no Brasil (São Paulo, Rio de Janeiro e Brasília) e na Argentina.Em 1992, apresentou-se no Festival Internacional de Londrina, e, em 1997, apresentou-se novamente no Brasil.Para o diretor de teatro, Antunes Filho, “Kazuo Ohno é um expoente, juntamente com Charles Chaplin e Picasso. Kazuo é o meu guru. Vi pela primeira vez o trabalho de Kazuo na França, no Festival de Nice, em 81 ou 82 e fiquei fascinado com aquilo, com a sua visão do mundo completamente diferente. Estava lá no festival, nunca tinha ouvido falar do trabalho dele e fui ver. A sala estava quase vazia, mas aquilo me fascinou tanto que voltei para vê-lo todos os dias que se apresentou. Foi um impacto. Para mim Kazuo trouxe uma luz em meio a tanta coisa conservadora no teatro brasileiro. Kazuo vai muito mais a fundo nas questões da vida. Fui até o estúdio dele no Japão para assistir seu trabalho e fiquei embevecido. (...) Ele tem algumas referências ocidentais em seu trabalho, como o catolicismo, mas me identifico com ele. É ele lá, com o catolicismo, e eu aqui, com o budismo. Seu trabalho tem influência direta no meu, adotei referências do butô em meu trabalho.”Fontes: Dicionário de balé e dança; Editora: Jorge Zahar; 1989 Butoh: Dança Veredas d’alma Editora Palas Athena; 1995 Folha de S.Paulo

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